Dormir mal pode causar uma série de consequências para a saúde, aumentando o risco de doenças cardiovasculares, obesidade e transtornos mentais. Dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontam que 72% dos brasileiros sofrem com distúrbios do sono, afetando diretamente a qualidade de vida. Problemas como insônia e apneia podem ter diversas causas, mas sem tratamento adequado, trazem riscos graves à saúde.
A insônia é caracterizada pela dificuldade em iniciar ou manter o sono, enquanto a narcolepsia causa episódios de sono excessivo e, em alguns casos, crises súbitas de sono. As parassonias englobam comportamentos anormais durante o descanso, como sonambulismo e terrores noturnos.
Já a apneia do sono é um dos problemas mais comuns e perigosos, levando a pausas na respiração que podem causar sérias complicações. Outros distúrbios incluem problemas no ritmo circadiano, síndrome das pernas inquietas (SPI) e hipersonia.
“Dormir bem é essencial para o equilíbrio do organismo, para a recuperação física e para a saúde emocional. Durante o sono, o corpo realiza funções fundamentais, como a regeneração celular, a consolidação da memória e o fortalecimento do sistema imunológico”, afirma o otorrinolaringologista Eric Thuler, especialista em distúrbios do sono no Hospital Vila Nova Star, da Rede D’Or.
De acordo com Thuler, quase metade dos distúrbios do sono estão relacionados a problemas respiratórios. “Parte dos pacientes tem dificuldades respiratórias durante o sono, muitas vezes devido a alterações físicas, como malformações nas vias aéreas. A mais comum é a apneia”, explica o médico, que também é professor assistente na Universidade da Pensilvânia (UPenn – EUA), onde integra um grupo de pesquisa para novas opções de tratamento.
Quando não tratada, a apneia pode aumentar o risco de hipertensão, arritmias, infarto e acidente vascular cerebral (AVC). “O ronco, frequentemente visto como inofensivo, também pode ser um sinal de alerta”, complementa.
⚠️ O que mais prejudica o sono?
Além dos distúrbios, outros fatores podem impactar a qualidade do descanso, como estresse, preocupações do dia a dia, alimentação inadequada e o uso excessivo de dispositivos eletrônicos.
“Episódios ocasionais de sono interrompido não são preocupantes. No entanto, se a dificuldade para dormir ou sintomas como ronco intenso, sensação de sufocamento e sonolência excessiva durante o dia forem frequentes, é essencial procurar um especialista”, alerta Thuler.
Existem diversas abordagens para melhorar a qualidade do sono, desde mudanças no estilo de vida até tratamentos mais avançados. “Tudo começa com a avaliação dos hábitos de sono e o histórico de saúde. Com base nisso, é possível recomendar um plano de tratamento personalizado.”
😴 Como melhorar a qualidade do sono?
Um sono de qualidade é aquele que ocorre em ciclos completos, permitindo que o corpo passe por todas as fases do descanso, desde o sono leve até o profundo e o REM, responsável pela consolidação da memória e aprendizado. A quantidade ideal varia conforme a idade, mas, no geral, são necessárias entre sete e nove horas de sono por noite.
Pequenas mudanças na rotina podem fazer toda a diferença para dormir melhor. Veja 10 dicas eficazes:
1) Crie uma rotina de horários fixos para dormir e acordar, inclusive nos fins de semana;
2) Evite o uso de telas pelo menos uma hora antes de dormir, pois a luz azul prejudica a produção de melatonina;
3) Mantenha o ambiente de sono escuro, silencioso e com temperatura agradável;
4) Evite cafeína, estimulantes e alimentos pesados à noite;
5) Pratique exercícios físicos regularmente;
6) Não consuma álcool antes de dormir. Embora possa ajudar a adormecer, ele reduz as fases profundas do sono, causando despertares frequentes;
7) Evite atividades intensas perto do horário de dormir;
8) Limite os cochilos durante o dia;
9) Escolha colchão e travesseiro confortável e adequado;
10) Pratique atividades relaxantes antes de dormir, como leitura, meditação ou banho quente.
Foto: Andrea Piacquadio / Pexels
Fonte: Correio do Povo