Escrito por 14:40 Polícia

Homem que ficou em estado vegetativo após erro médico em hospital de Porto Alegre morre aos 31 anos

Faleceu no domingo (27), aos 31 anos, Alexandre Moraes de Lara, que estava em estado vegetativo desde 2021 após receber uma superdosagem de medicamento no Hospital Humaniza, em Porto Alegre. A informação foi confirmada ao g1 por sua esposa, Gabrielle Bressiani.

De acordo com a certidão de óbito, a causa da morte foi “intoxicação por medicamento”. Gabrielle relatou que a equipe médica havia informado sobre dificuldades respiratórias apresentadas por Alexandre e sugerido o aumento de medicações para maior conforto. No entanto, ele não resistiu. “A vida que ele levava era de sofrimento. A morte foi causada pela intoxicação. Se não fosse isso, ele ainda estaria vivo”, afirmou ela.

O caso ocorreu em outubro de 2021, quando Alexandre deu entrada no hospital com um problema cardíaco. Em vez da dose prescrita de 30 miligramas do medicamento propafenona — correspondente a dois comprimidos — ele recebeu 300 miligramas, ou 20 comprimidos. A superdosagem provocou uma parada cardiorrespiratória, deixando-o em estado vegetativo.

Gabrielle, que acompanhava o marido no momento da medicação, disse ter questionado a dosagem administrada pelo técnico de enfermagem, que respondeu que seguia a orientação médica. A investigação da Polícia Civil concluiu que houve lesão corporal gravíssima e indiciou a médica responsável pela prescrição, Erika Bastos Schluter, por ação culposa (negligência, imprudência ou imperícia). Ela foi afastada do hospital após o ocorrido.

A delegada Carla Kuhn, responsável pelo inquérito encerrado em 2023, apontou que a médica ignorou o alerta de um enfermeiro sobre a dose excessiva e ainda destacou falhas nos processos administrativos da farmácia do hospital, que teria cadastrado o medicamento de forma incorreta. A receita correta havia sido emitida por um cardiologista.

A defesa da médica ainda não se manifestou. O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) também foi contatado, mas ainda não respondeu. O caso já foi encaminhado à Justiça, e o Tribunal de Justiça do RS não havia se pronunciado até a publicação desta reportagem.

A família de Alexandre move uma ação judicial contra o Hospital Humaniza. Em nota, o hospital lamentou o falecimento e declarou solidariedade aos familiares, colocando-se à disposição para prestar apoio.

Alexandre deixou uma filha de 3 anos. Gabrielle estava grávida de três meses quando o erro médico ocorreu.

Fonte: Portal Diário | Com informações do G1 RS