Uma extensa investigação policial culminou na prisão de 15 pessoas, incluindo o suposto líder de um grupo de agiotagem acusado de agredir devedores. A organização criminosa, que atuava emprestando dinheiro a juros extorsivos, possuía uma carteira com mais de mil clientes, conforme apurou a Delegacia de Roubos.
A operação, deflagrada na manhã desta quinta-feira (10), prendeu Cristiano Soares Santos, conhecido como “Mendigo” (apelido que utilizava até em seu e-mail), em sua residência em um condomínio de luxo avaliado em cerca de R$ 1 milhão, localizado em Viamão, na Região Metropolitana. Sua esposa, Katiele Mattos Antunes, também foi detida.
No mesmo condomínio, outras três residências foram alvo da ação policial. Em uma delas, foram apreendidos R$ 175,7 mil, cuja ligação com o grupo está sendo investigada. Até o momento, a polícia também apreendeu diversos bens, incluindo celulares, 20 veículos, quatro jet skis e quatro armas.
O delegado João Paulo de Abreu, responsável pela investigação, explicou que a quadrilha possuía uma vasta clientela, e a violência era direcionada àqueles que apresentavam dificuldades em quitar os empréstimos com juros abusivos. O delegado relatou que, em depoimento anterior, Cristiano admitiu a prática de agiotagem, mas negou as agressões.
As investigações indicam que Cristiano atuava no ramo de empréstimos informais com juros abusivos desde pelo menos 2020. Há registros de vítimas que denunciaram ameaças, mesmo após terem pago valores significativamente superiores aos emprestados. Em um dos casos, uma vítima relatou ter pago o dobro de um empréstimo de R$ 15 mil e ainda sofrer ameaças de ter sua casa incendiada. Outro boletim de ocorrência, registrado em 2024, narra ameaças direcionadas à filha de uma devedora que havia viajado para o exterior. Em 2025, houve o registro de uma invasão à residência de uma mulher que havia contraído um empréstimo com o grupo.
A polícia também recuperou vídeos que mostram Cristiano cobrando uma vítima e mencionando o endereço da avó do devedor, o que para as autoridades configura uma ameaça.
O principal objetivo da investigação agora é identificar e ouvir mais vítimas. O delegado orienta que as pessoas que foram lesadas pelo grupo procurem o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
O advogado do casal preso, André Carús, informou que se manifestará após ter acesso aos detalhes do processo.

Fotos: Ronaldo Bernardi / Agência RBS
Fonte: GZH